Chopin e Proctologista

17072017


Apesar de minha história começar muito antes, agora são 9h da manhã da segunda e eu já fui ao retorno ao proctologista, sim, sim, muito antibiótico, corticóide e outros rémedios do pós cirúrgico me deu uma coceira no símbolo do cobre conforme já havia noticiado aqui e não era oxiurus, era queda de resistência + fungo no fundo monetário do cobre mesmo e já estou em casa escutando chopin e escrevendo. Tão romântico, chopin+proctologista. Hoje é segunda e, para variar, sonhei com dois dos do mal, mas acordei e resolvi fazer um projeto arte-científico com estes meus sonhos demissionários.
Como disse antes, esta historia que nem sei onde vai dar, começou faz mais de uma semana numa noite em que conheci o poder da opressão. Alguns moleques alunos da minha esposa costumavam passar em frente da minha casa e gritar palavras ofensivas para a professora deles. Não era para ela, óbvio, mas para o símbolo professora na vida deles. Não era para ficarmos incomodados, óbvio. Mas, como nao fizemos curso nem de pedagogia e nem de psicologia, ficamos incomodados de ter pessoas gritando palavras ruins e ter que escutá-las na sua própria casa. Pensamos mil planos no estilo bipbip e coiote para pegá-los no fraga. Muitos deles envolviam coisas que é melhor nem relembrar pq somos humanistas de esquerda e não orna com ser humanista e de esquerda.
Uns dias passados, meio que já na espera, dez da noite e passam e gritam ofensas e continuam em direção ao shopping felizes. Desconfiamos de quem são mas não temos certeza. Se fossemos canalhas de direita, denunciávamos todos pro ibama sem distinçao de certeza de ser ou não. Mas como somos humanistas de esquerda, precisávamos da certeza de identificação para nao cometer nenhum erro.
Eu disse, rápido, vamos, pegue o átila, o uno e nós descemos pela avenida e fazemos o retorno e identificamos eles. Eu fui de pijama, a esposa dirigindo. Contornamos e estacionamos e ficamos vendo eles descerem felizes.
Quando eles estavam pertos, eu desci do carro igual um mano brown beta e parei na frente deles e disse, E aí fião? 6 tava procurando a professora Claudia? 6 fica ligado que agora nóis identificamo vô6. Não tenho certeza, mas acho que fiz com a mão aquele gesto atitude racionais mc enquanto falava. De pijama, barba despenteada e com cara de mano brauwnco. Pode ter ficado bizarro, mas eles ficaram quietos e continuaram a descer a avenida.
Eu me senti pleno de poder opressor, me senti macho beta, quase alfa, me senti cheio de mim, de poder, por uns segundos entendi o bolço e seu poder de venda. Depois retomei o velho artista comunista humanista e mixou o carboreto. Ainda escuto Chopin, agora, enquanto escrevo. É uma caixa com dez vinis tocados pelo Claudio Arrau que eu ganhei da Clotilde. Como estes compositores românticos são românticos, não? Sábado foi dia de ir ao tanabata, todo ano vamos. Entupimos de frituras em pastéis e tempurás, compramos umas bugigangas do nipoparaguai e passeamos um pouco. Vejo uma apresentação de dança em que a mulher se movimenta lentamente, quase desliza. Tambores batem ritmados igual um olodum do sol nascente. Meus olhos vidram na dança lenta e minha boca abre de boniteza. A dança é um disco do joão gilberto, o mesmo arrastar do tempo nas palavras e compassos só que o arrasto é dos movimentos. Eu consigo entender que não gosta do João Gilberto mas não aceito. Eu decido, encantado pela dança, que quero ir pro japão, mas não num cargueiro do Lloyd lavando porão. Quero ir pro Japão passear com a familia. Nada de europa mumificada em velhinhas espanholas esquecidas por anos, mortas. Nada de paris, texas. Quero ir pro japão comprar bugigangas e conhecer a colônia marciana na Terra in loco. Quero me orientar, rapaz. Pela constelação do cruzeiro do sul. Quero descer até o litoral num trem de um livro do Murakami. Quero a delicadeza explícita e o ódio contido dos japoneses em mim. Quero não mais sonhar com o mal banal do meu cotidiano. Quero muito mais, mas este muito mais é pouco porque quero pouco de tudo um pouco mais, só.
Dez horas da noite, os muleques alunos passam de novo pela nossa casa, estão conversando, rindo, mas ninguém grita pelo nome da professora de maneira ofensiva. Eu aprendi a lição. O mal é bom e o bem cruel.

 

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