Lion


Se você acha que um dos papéis do cinema é emocionar. E que, mais do que isso, não existe uma hierarquia de emoções. Que fazer rir não é menos que assustar que por sua vez não é menos do que fazer chorar. Então, pensamos de maneira semelhante sobre cinema.
Lion é uma co-produção inglaterra/australia/eua e conta a historia de um menino que se perde do irmão em calcutá e, com isso, enfrenta uma longa jornada até encontrar o que tinha perdido pelo caminho.
Filme bonito, trilha bem bonita, toca uma musica do antony and the johnsons numa festa que é deliciosamente dançante e só reconheci que era dele por conta do timbre inconfundível dele. Fotografia bonita. Ou seja, todas as características que o levaram ao oscar. Moonlight é muito melhor, na minha opinião e mereceu ganhar o oscar. Mas Lion é muito mais filme típico de oscar. Drama, criança perdida, familia, desajustes, busca pela verdade. Aliás, o moleque é uma graça, um legítimo camundongo sujinho e perdido no mar de concreto e gente de calcutá. Vale a pena. Tome um gatorade para hidratar e se jogue no lencinho gritando ruái a life é assim? Ruái???
bonus track: O ator é a cara do Marcos Mion depois de três dias esquecido numa praia de fortaleza.
bonus track: nao perca seu tempo tentando entender pq o filme se chama lion antes do filme terminar.

Terceira Pessoa


Filme muito interessante sobre três histórias em três cidades diferentes, Nova York, Roma e Paris. Em cada uma delas, os personagens lidam com encontros e desencontros, tentativas de resgate de elos afetivos perdidos, relações humanas complicadas. Em uma das historias, um escritor famoso lida com a escrita de seu novo livro e sua amante. Em outra, um americano em Roma se envolve com uma mulher misteriosa que precisar resgatar sua filha e na terceira, um mulher tenta reconquistar o direito de ver o filho pequeno que quase morreu por aparente negligencia dela.
É daqueles filmes em que as historias acontecem paralelamente em lugares diferentes mas que mais cedo ou mais tarde você irá perceber uma ligação entre elas. O muito interessante deste filme é a maneira como elas se ligam. É surpreendente.
Não espere que todas as pontas deem nós e fiquem certas, é um filme que deixa muitas amarras para você fazer na sua cabeça. Completar as histórias. Não espere que o filme subestime a sua capacidade de fazer isso. Ele te elogia nesse sentido. Deixando que você ligue os pontos de algumas coisas.
Na verdade, este filme tem uma coisa original na maneira como é construído que eu gostaria muito de falar nesta resenha, mas seu eu disser, será também um spoiler. Por isso, mais eu nao digo. Mas tô disposto a começar um grupo de discussao inbox sobre ele depois que vcs assistirem, rs. Não percam.
bonus track: ponta de kim bassinger.

O Congresso Futurista


Este filme é um filme peculiar. Primeiro pq, segundo Sergio Kulpas que leu o original, é uma história inadaptável para cinema e o diretor conseguiu adaptar. Segundo pq mistura live action e animação tradicional. Terceiro pq não é uma animação para crianças. A história é densa e cheia de profundidades, mesmo que você não mergulhe fundo sempre tem um mais fundo pra se ir, se vc quiser.
Por conta de tudo isso, é um filme dificil de ser recomendado sem que parte das pessoas para quem eu recomendar venha depois reclamar que achou o filme uma bosta. Não dá para saber, não é um filme certeiro. Não é um doce feito de chocolate e chantilly. O que vc vai achar do filme vai depender muito do tipo de interação que vc desenvolver com ele.
Mas todos os filmes não sao assim? São, mas a maioria deles possuem alguns truques que garantem esta interação.
O Congresso arrisca em vários sentidos, além dos citados acima, arrisca na narrativa, arrisca na metalinguagem e, por isso, ou melhor, e só por isso já seria um filme para ser visto.
Eu, particularmente, fiquei muito tocado pelo filme, pela sua mistura de realidade alternativa estilo matrix com o passar de muitos anos que geram uma melancolia como eu senti em A.I. de Steven Spielberg.
Robin Wright faz o papel de uma atriz chamada Robin Wright que fez muito sucesso no começo de sua carreira, mas que depois, por escolhas erradas e por ter tido um filho com uma sindrome rara, vai se afastando cada vez mais da carreira.
Depois de muito tempo afastada, ela recebe uma proposta da produtora de filmes de ser plenamente digitalizada e ser usada pelo estudio para filmes. Independente da passagem do tempo, sua imagem permanecerá a mesma e poderá ser usada da maneira que o estudio quiser.
O interessante disso tudo é que essa história da atriz do filme é a mesma da atriz Robin da nossa vida real, inclusive de ter um filho com uma sindrome. Quando o filme foi feito, acho que 2013, Robin vivia mesmo uma fase de reclusao e ostracismo por conta das razões que o empresário dela cita no filme. Lembrando que ela só voltou a fazer sucesso como protagonista de House of Cards que foi lançado depois deste filme.
Assim, neste filme peculiar, temos esta mistura de realidades, a atriz Robin Wright do “nosso” mundo interpreta no filme ela mesmo em carne e osso até o momento que ela passa a viver numa realidade alternativa numa versão animada de si mesmo.
Existem mais desdobramentos, mas mais nao falo aqui. O final é lindo, quer dizer, eu achei lindo, então nao esperem muito do meu adjetivo lindo. Afinal, reviver uma vida inteira como outra pessoa para encontrá-la não deixa de ser uma poderosa forma de amor.
Não é um filme fácil. Mas a vida também não.
Bonus Track: a trilha é do max richter 

Ganhar ou Ganhar


Filme de familia norte americano, mas, tratando de familia, tem uma hora que pode ser de qualquer lugar. Tem uma pegada independente que faz com que ele seja um pouco menos previsível.
Advogado que nao está muito bem das pernas aceita ser o cuidador legal de um senhor em processo de demência para receber a ajuda de custo de 1500 dolares e dar uma zerada nas dividas. Tudo está indo bem até que aparece um neto do senhor que ninguém sabia que existia, nem o avô.
Filme gostoso de ver, tem o Paul Giamatti como advogado, tem o personagem do amigo engraçado e tonto bem interessante. Tem um time fracassado de luta livre que eles são técnicos. Tem o neto que resolve lutar. Tem mais gente que aparece na trama. Tem o cara honesto que também agiu de acordo com suas necessidades ao invés de pensar naquilo que era melhor para o seu cliente. Filme garantia de entretenimento. Daqui setes anos, quando vc voltar do Tibet, vc vai citar este filme numa palestra que vc der? Não, claro que não. Mas vc vai gostar de vê-lo, com certeza.

Gênios do Crime


Comédia norte-americana estilo tonta. Isso foi um elogio.
Já contei pra vcs meu problema com comédias né? Eu sou muito dificil de achar graça em comédia, mesmo quando eu acho graça. Gosto das tontas, mas nao das ingênuas tipo chaves e os trapalhões, gosto do estilo apertem o cinto e tb gosto das sofisticadas, cheias de referências, estilo woody e monty. Mas é dificil eu rir de fazer barulho. Tenho problema. Lembro de ter tido um acesso de riso no cinema em Por uma vida menos ordinaria na hora q o ewan ta telefonando de uma cabine pro pai da cameron e ela fica gritando. Ri muito. Mas tb deve ter sido um problema.
Nao rir, nao quer dizer que eu nao ache graça. Nos woody eu rio com o cérebro, nos quem vai ficar com mary eu rio com o estômago.
Esta aqui tá mais pra estômago. Mas tem uma coisa muito legal nela que é ela ter sido baseada em fatos reais. Aliás, um dos genios do crime foi consultor do filme. Nunca tinha pensado que um fato real poderia servir de base para uma comedia tonta, no bom sentido. E esse é o caso deste filme.
Um cara que trabalha numa agencia de transporte de valores decide assaltar o carro forte da agencia por um motivo que não vale a pena dar spoiler. Depois disso a confusão está armada.
Mas vejam, nao tem nada de Deu a louca no mundo, não é uma comédia física, não é uma corrida contra o tempo, uma corrida maluca. É mais como se os irmaos coen resolvessem dirigir um filme com os trapalhões e a direção de atores estivesse a cargo do cara que fez isso em Mr. Robot.
É uma comédia independente? Deve ser, mas não tem aquele peso que sempre acaba parecendo nas comédias indpendentes que acabam virando uma chacina da serra elétrica. Eu gostei. Gostei também pq alguma coisa na história real desse assalto sinalizou para que o filme tivesse sido feito do jeito que ele foi. Alguma coisa parecida com o filme nacional O Roubo da Taça que é 70% baseado em fatos reais mas que tem uma parte de ficção engraçada que dá o tom ao filme.

O Experimento de Milgram


Filme norte americano sobre os controversos experimentos de Stanley Milgram em psicologia experimental sobre obediencia aa autoridade. Interessante pensar neste experimento pro Brasil/Mundo de agora.
Muito interessante. Eu nunca tinha ouvido falar desta figura polêmica para sua época e, pelo jeito para depois dela também.
Nao quero falar aqui sobre os experimentos dele. Se você não é psicoafim e nao conhece ele, é bem legal conhecer sem saber. Por isso, nao vou falar mais nada sobre isso.
Não bastasse o filme contar uma historia-histórica que eu nao conhecia, o filme tem umas opções estéticas bem legais. Fundos verdadeiros com elefantes quando poderiam ter sido feitos com cromaqui e fundos de cromaqui descaradamente falsos quando poderiam ser verdadeiros. Fiquei pensando nesta escolha do diretor e cheguei a conclusão que na vida real no filme fica claro que existem cenarios falsos, ou seja, fica a dica que mesmo na vida real, muitas vezes fazemos parte de experimentos que emulam habitats q são simulacros. É verdade mas pode ser mentira. Nada tem a ver com nada mas tudo pode ter. Esta parece ser a busca do psicologo experimental do filme baseado no psicologo da vida real.
Em determinado momento, aparece um telefilme que foi feito sobre os experimentos do psicologo retratado no filme. filme dentro do filme. E no filme dentro do filme, os cenarios sao sempre reais. Parece complicado mas não é. Eu que to viajando. O filme segue em uma historia linear de tempo, entao ele pode ser assistido sem nenhum problema de compreensao. Não é, de maneira alguma, um filme complicado e cabeça. Mas é um filme especial e com um cuidado especial na maneira como as imagens também podem dizer uma coisa. O psicologo é o narrador do filme, ele narra para a câmera, ele rompe a quarta parede para explicar o trabalho dele. É como se ele se defendesse das inumeras críticas que recebeu, contando diretamente para nós, o que ele realmente fez. E isso funciona pq é uma conversa entre nós e ele.
A trilha é bonita também, gosto quando alguns temas fogem na instrumentacao do tradicional.
bonus track: tem wynona ryder, finalmente renascida das cinzas depois do strange things.

Lens


Filme indiano.
Ahhhhhh o cinema indiano, eu gosto muito. Sempre aprendo algo em cada filme. Sempre uma limitação estética ou preconceito meu vai por agua abaixo depois que assisto um filme. Começou com Bahubaali e nunca mais parou.
Indianos, no cinema, são passionais, exagerados, barrocos. Um drama é um draaaaaaaaaaaaaaaama mas, mesmo assim, pode rolar uma musiquinha cantada no meio dele. Não é o caso deste filme. Este é um drama mesmo, nao passeia por outros gêneros. Eu diria até que, dentro do exagero desavergonhado dos filmes indianos, este é até bem despojado. Algo do tipo indie-indian-movie. Algo para concorrer no indian sundance festival.
Homem casado se relaciona com uma mulher mascarada pela internet. Óbvio que isso não fica nisso envolvendo o cara numa trama de mistério que complica cada vez mais pro lado dele.
Mais eu nao falo. Só digo que indianos não tem pressa. Costumam fazer flashbacks para explicar alguma coisa na historia que, as vezes, sao maiores que o proprio resto do filme.
Eu não sei ao certo como é a questao da nudez no cinema indiano e na cultura indiana. Só sei que neste filme, as cenas de sexo parecem propaganda de camisinha sensitive com essência de morango. É quase brega, sendo que o achar quase brega, que fique bem claro, é um problema do olhar ocidental sobre um cinema que nao tem vergonha de ser exagerado, romantico, dramatico, tenso e cheio de vingança.
A historia é boa. Uma história sobre exposição na rede que pode acontecer em qualquer lugar do mundo com as mesmas consequ6encias. Por isso, fico imaginando um remake norte americano como tudo seria feito, de que outro jeito. Neste, a historia tem seu tempo, suas pausas, sua tensão. Vão lá, arrisquem-se. O objetivo desta página é este também.
bonus track: adorei a máscara usada pelo personagem. Adorei o sonho feito com projeções sobre o corpo da mulher e no teto do quarto. Dois artificios que eu gosto muito e ja usei em performances minhas.

Bokeh


filme norte-americano/islandês
Casal passa as ferias nas imensas e maravilhosas paisagens da Islândia.
Não sou capaz de opinar.
Diretor foi corajoso por tanto nada/tudo.
Assista por sua conta e risco. Mas não é filme de medo, tensao, violencia
Recomendo assistir, ir dormir e no dia seguinte pensar se gostou.
Até a trilha sonora alivia alguma possivel tensão que vc possa sentir pq a idéia é mais um vazio, uma solidão do que o que pode acontecer.
Recomendo não ler o resumo.

Bokeh (do japonês) é um termo usado na fotografia referente às áreas fora de foco e distorcidas, produzidas por lentes fotográficas. wikipedia.

XX


Interessante filme de terror no formato antologia com quatro histórias. Quatro curta metragens dirigidos, escritos e tendo mulheres como protagonistas. Assim, tipo um Além da Imaginação feminino. As histórias, pelo menos três delas, tratam de temas ligados tradicionalmente ao universo feminino, maternidade, filhos que não comem, filhos desajustados, festas de aniversários. Aliás, acho que o que eu gostei mais foi o da festa de aniversário, principalmente pelo tom burlesco que contada a história. Fora os modelitos de penteados, repearem na trilha sonora de filme de terror/suspense completamente exagerada e farsesca.
O bom de curta metragem de terror é nao necessidade de desenvolver personagens, encher linguiça, conta-se a história e pronto. Achei bem interessante. Pena nao poder falar mais de alguns detalhes sem dar spoilers das histórias.

A Caverna


Filme norueguês de aventura e suspense com pitadas de DR que se passa numa, numa… caverna, dãr!
Se você tem asma ou claustrofobia, assista mesmo assim pq só vai sofrer um pouco mais q quem nao tem. Três ex-soldados que estiveram juntos no afegnistao se reencontram para explorar um caverna imensa que nao pode ser explorada por turistas em um final de semana. Dois homens e uma mulher. O homem é a mulher são um casal, mas durante a época do afeganistao ela teve um lance com o terceiro moço da turma que vai pras cavernas.
Antes de entrarem na caverna, descem um rio de caiaque e, no momento que eu estava justamente pensando que parecia muito Deliverance (Amargo Pesadelo que na legenda do netflix está erroneamente traduzido por um fim de semana alucinante) eles mesmo citam o filme assobiando duelo de banjos.
Bom filme tenso de caverna em que o perigo ronda nossos herois seja na forma de natureza, natureza humana ou amor.
Se voce nao gosta do estilo, não assista pq não é um filme fundamental que vc precisa ver mesmo que nao goste do gênero. Tipo Touro Indomável para quem nao gosta de boxe.
Se você gosta de uma aventura com tensão e suspense, divirta-se.
Eu, particularemnte, só dei uma brochada com o letreiro “Breve nos cinemas A Caverna 2”. Estraga um pouco o filme.