Matte kudasai que nada é prá já



Meu dente dói depois de uma noite de aperto de dois sonhos. Num deles, estava no leroy merlin e o local começou a encher, encher muito, quase impossível de se locomover. Consegui sair de lá mas tinha perdido minhas sandálias, precisem voltar. Achei no meio da muvuca, as ,minhas sandálias da richard’s que eu dei pra loja grátis da Ju Cadeco. Peguei um pé e um carinha que estava junto com a esposa, pegou o outro e disse que era dele. Eu disse que era minha. Então eu perguntei, Se ela é sua, me diga qual é a marca e onde você comprou? Ele respondeu, nao sei a marca mas comprei nos EUA. Eu retruquei, Está vendo? Você nem sabe a marca e esta sandália é brasileira. Ele fez cara de perdi. Eu peguei as sandálias e uma servia mas a outra não entrava no pé, tipo assim uma cinderela só q não. Caiu minha ficha que não era minha. Tem razão, a sandália é sua, pode levar. E ele pegou e eu fui embora muito incomodado por estar descalço.
No outro sonho, estava eu e a claudia na última casa que minha mãe morou, era noite e todo mundo tinha saído, inclusive meus filhos. Eu e a claudia esperando alguém chegar. Era noite, eu tinha medo de estar sozinho com ela na casa. Ela quis perguntar pro vizinho da frente se eles sabia onde todos tinham ido. Eu disse que era perigoso. Não interessa, vou perguntar. Quando abrimos a janelinha da porta da frente, chega um carro com meus filhos, minha mãe e meus irmãos. Minha irmã diz que levou minha mãe ao cabeleireiro. Minha mãe não consegue andar. Está paralizada das pernas para baixo. Todos tiram ela do carro. O cabelo dela está arrumadinho e pintado de marrom tendendo ao bronze e ela tem um bigode, que foi colocado nesta arrumação, igual ao do Belchior. Na verdade, ela é minha mãe só que com a cara do belchior e cabelo mezzo senhorinha mezzo belchior mesmo. É uma coisa meio tosca, meio parecido com o filme los parecidos. Sinto um alívio incomodo. Mas, mesmo usando a placa tectônica, acordo com o peso dos sonhos nos dentes e, até este momento que escrevo, pós novalgina de 500mg ainda dói.
Eu quero ganhar dinheiro com minha arte. Eu não preciso de muito dinheiro, graças adels, ôu minha honey beibe, mas preciso retomar o que perdi para continuar tocando meu tamborzinho. Recebi meu salário do inss, gasto 30 reais num vinil da donna summer i feel love, dois eurythmics e um giorgio e cris no sebo.
Hoje, eu e a claudia acordamos as sete e ficamos conversando sobre a possibilidade de ser tornar vegetariano em protesto ao apoio do temer à bancada ruralista. Somos velhinhos descrentes, niilistas, porém idealistas. Ontem na cultura, alguém daquele público pobre e analfabeto do shopping iguatemi, alguém que não estica pra disney e qualquer feriado de três dias, deixou um copo de refri vazio do burguer king em cima de uma estante a exatamente dois metros de um lixo. Nossa descrença na humanidade, no silêncio dos inocentes de nosso atual país, disparou nessa hora do copo vazio, cheio de ar, deixado por um alguém educado e cheio de sucrilhos e malte em suas células constitucionais.
Por isso conversamos tanto na manhã depois. Por conta disso, o estrogonofe que iria ser de carne, no almoço depois da manhã depois, recebe um apoio ideológico de nós mesmos e se transforma na versão com queijo meia cura. Conversamos muito, quase uma hora e meia, ao amanhecer, sobre o destino do brasil e do mundo e do universo em desencanto. Chegou uma hora que começamos a rir pq percebemos que somos um casal que tem assunto e conversa um com o outro. Nos sentimos meio diferentões, barrocos.
Meu dente dói mas, na hora em que eu comecei a escrever, no meu fone tocou matte kudasai, espera um pouquinho em japonês, e eu fechei os olhos e arrepiei com a guitarra que simula gaivotas voando sobre uma praia, pelo menos na minha cabeça. Com os olhos fechados, eu pensei, Se oriente, rapá! Mas dá um tempinho que nada é prá já.

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