A Calibragem Correta dos Pneus das Carruagens dos Lennisters Fascistas

Hoje acordei e levei um spoiler as seis da manhã. E fiquei pensando na falta de espaço que existe entre o que sou eu e o que é o outro, hoje em dia. Apesar de odiar, eu acredito no spoiler terrorista, no spoiler blackboc anarquista que diz o que diz para ferrar com todos e com o mundo organizado burguês das séries. Mas nao tenho nenhuma simpatia pra spoiler exercício de poder. Spoiler do tipo eu já vi e vou dizer pra vc pq foda-se se vc ainda não viu. O espaço que existe entre nós, na verdade, tornou-se muito confuso com a chegada do virtual e, por isso, nao sabemos mais o q pensamos, a nao ser que o q pensamos seja publicado, expresso aos quatro cantos. Assim, quando lemos os comentários, temos uma vaga idéia, pela visão outro, de quem somos. Pq não existe mais tempo pra a pausa, para a reflexão sobre o q sentimos e os motivos. Apenas existe a página em branco da manchete diária do jornal virtual que espera pela minha frase bombástica sobre como estou me sentindo. E se o que eu estou sentindo nem eu sei, pq preciso do outro e de sua reação para saber, como poderei saber o que eu causo no outro no microespaço do cotidiano. No espaço das pequenas verdades diárias. Só o eu existe no mar de outros em que eu me banho todo dia. Não é que narciso ache feio, é que narciso nem sabe mais que existe algo além de espelhos.
Hoje eu acordei de sonhos menos intranquilos, sonhos em que enchia os pneus de meu carro enquanto descobria maravilhado que ao colocar a mangueirinha no bico de encher, aparecia um numero digital na borracha do pneu indicando quanto estava a pressão e quando chegava no valor que eu queria. Enquanto fazia isso, um dos meus ex-amigos se abaixou pra me ajudar e disse, Você é muito forte! Muito forte! E eu fiquei feliz de escutar isso e quase o perdoei pelas idiotices do passado.
Qual é o limite entre eu e você? Entre nós e outros? Pensar em grandes termos é fácil, repetir discursos de grandes utopias é fácil. Mas e o nosso microfascismo do cotidiano, onde fica? Como perceber? Como tratar? Como lidar com a parte nossa que impõe ao outro nossas microverdades autoritárias? Como lidar com aquela pessoa que interfere no seu trabalho microscopicamente, não por mal, mas pq o trabalho dela é macroscopicamente mais importante que o seu, pra ela. Como lidar, no cotidiano, com os microataques fascistas de microcertezas a bombardear nosso viver o tempo todo? Como lutar contra aquilo que discordamos facilmente em larga escala, o fascismo, o autoritarismo, a anulação do outro como alguém legítimo, quando isso se apresenta em nós e para nós, em nossas moléculas, em nanoatos banais que passam despercebidos justo por isso, por serem banais? Lutar pelos ideais democraticos coletivos é sempre razoavelmente facil. Difícil é conseguir pensar no outro e não dar spoiler de GoT.

O Fim das Incertezas


Ontem lembrei do llya Prigogine, quimico russo que ganhou nobel com seu trabalho sobre a irreversibilidade da flecha do tempo nas reações químicas e viajou na maionese e escreveu um livro O Fim das Certezas q acabou virando um dos novos paradigmas dos nossos ex-tempos atuais.
Dizendo assim parece q eu li tudo dele né? Mas só li um pouco e já esqueci o q li. Mas engano bem os incautos. Neste livro, Prigogine tenta quebrar a tradição de que as leis da natureza são imutáveis e irreversiveis, portanto, os fenomenos naturais, assim como os sociais, são determinados por elementos indeterminados ou difíceis de se determinar. Por isso, tudo isso geraria o fim das certezas que temos sobre todos os processos, mesmo os da natureza, envolvendo sistemas complexos e caóticos.
Esta noite, retomei meus sonhos demissionários mas penso que avancei. Nesta noite, não mais sonhei que estava na escola, apesar de já ter sido demitido e, quando me dava conta disso, ficava morrendo de vergonha de estar lá e tentava sair sem ser visto. Foi uma fase, procurem lá nas fases do luto que vcs acham esta daí. No sonho de ontem, não estava mais na escola. Ela que estava em mim, dentro da minha familia. Eu morava na casa ao lado da casa dos meus pais, nos campos eliseos, como realmente morei com a claudia, e fui até lá, tb como sempre ia.
Na sala, estava meu pai, na poltrona habitual dele e, conversando com ele, estava um dos diretores da escola. Um que é excêntrico, mas se fosse estudante hoje, com certeza, não escaparia de uma classificação do tipo “possui um autismo leve”. Eu fiquei muito incomodado com o fato dele conversar com meu pai, me senti invadido, meu pai, minha casa. Dei algumas desculpas do tipo, esqueci alguma coisa e voltei pra minha casa. Quando estava no portão, olhei pra rua amazonas e, no quarteirao debaixo, onde tinha uma fábrica de móveis, metade da rua estava tomada por camas, penteadeiras, cadeiras, sofás, novinhos, reformados, pintados de branco ou azul, rosa e amarelo pastel. Uma linha pintada no chão da rua dividia a parte que os carros podiam passar da outra área onde ficavam os móveis. Eu olhei aquilo tudo e pensei, Espera, ele está na minha casa, conversando com o meu pai, ele precisa escutar algumas verdades.
Voltei lá meio tremendo, como quando você briga e precisa dizer umas verdades, pelo menos que você acha q sao verdades. E eu disse, Você é um bunda! Um tonto. Vc paga de diferentão mas na verdade você é um bunda. Você diz que a vida é assim e que é impossivel de mudar algumas coisas mas isso é só uma desculpa para você nao mudar coisas que você, no fundo, não quer que mudem. Pq nem você sabe que você concorda com as coisas do jeito que estão. Pq nada é imutável, a não ser que você as construa assim.
Enquanto eu falava ele foi ficando autisticamente incomodado, começou a mexer nos bolsos procurando as chaves para ir embora. Parecia o tonho da lua tapando os ouvidos e dizendo, Aaaahhhh, não é a rutinha! Quanto mais incomodado ele ficava, mais eu me sentia forte. Igual aqueles rituais de exorcismo que o diabo dá uma vacilada e o padre carca no latim doubleplusgood e o diabo foge. No caso, no sonho, ainda faltava minha carcada pro diabo esvanecer e é lógico que eu tinha ela. Disse em voz alta de quem está vencendo, E até aquela história de que 2+2 não é necessariamente igual a 4, única coisa que eu achava genial em você, descobri que não é sua, é do seu terapeuta, você apenas papagaia ela a quatro ventos. Que decepção! Nem isso é original seu. E ele num mar de desconforto foi saindo da minha casa e me deixando lá com aquilo que me pertencia, só com o que me pertencia.
Hoje vivemos, sinto muito Prigogine, o fim das incertezas. Tudo é sim ou não. As pessoas clamam por certezas e soluções, mesmo que para isso, precisem fingir que a vida é simples e somos ratinhos que alguém roubou o queijo. Não há mais espaço para nuances, pra intermédios, penumbras, lampejos de iluminação. Existe certeza até no incerto. Importa mais falar bem, vender bem seu peixe do que a qualidade do peixe. Quando a escola perdeu suas incertezas e começou a viver um período de certezas antigas, tudo que ela havia tentado fazer de diferente, deixou de ser importante pq, na verdade, as mudanças tinham sido motivadas por incertezas que agora não mais existiam. Queremos isso não pq é o certo, mas pq estamos incertos sobre o futuro. Assim que estivermos tranquilos novamente, tudo aquilo que cheira a mudança deixará de ser, pq na verdade nunca foi.
Seu bunda! Até as leis da natureza envolvendo sistemas complexos e caóticos mudam conforme o sistema e você não muda porque não quer mudar e diz que são as leis imutáveis da natureza que não mudam? SEU BUUUUUUUNDA!

Questã de Gênero


Hoje de manhã levei o joca para a escola, no caminho ele me perguntou, Pai, eu sou obrigado a gostar de Pablo Vittar? E eu perguntei de volta, Como assim? Mesmo tendo já entendido o que ele queria dizer. Ah, é que eu nao gosto das músicas dele e dai se eu nao gostar vão me chamar de homofóbico. E eu disse pra ele que não era obrigado a gostar de nada que ele não gostasse.
No caminho da escola, logo depois, vejo um outdoor do dia dos pais. O slogan é algo do tipo, dia dos pais, você pode presentear quem você achar que é. Fiquei pensando na publicidade como a mais esperta das profissões em medir e analizar os trends e adaptá-los para ganhar dinheiro. Qualquer um pode ser pai. Sua tia, a companheira da sua mãe, seu pet shop boy e, principalmente, sua mãe. Já que vivemos um tempo em que existem muitos pais que não comparecem com porra nenhuma. Ou melhor, só compareceram com alguma porra e depois deram uma saidinha para comprar coca com casco de pepsi.
Não dá para fazer esta graça publicitária no dia das mães. Primeiro pq o comércio vende muito bem neste dia e segundo pq mãe só tem uma, e é uma instituição que deu certo faz muito tempo já.
Segundo Freud, a mulher tem inveja do pênis. Eu não sei não, eu acho que o pai é que tem inveja da mãe, da importância orgânica que ela tem e por isso ganha muito mais presentes do que ele no dia respectivo de cada um.
Mas seria mãe uma construção social também? A maternidade é uma construção social? Seu pai poderia ser sua mãe e sua mãe poderia sair para comprar coca com casco de pepsi na boa? Ou seja, a pressão tão forte da sociedade patriarcal que chega a ser orgânica, tanto no sentido de peso quanto de serem ligados pelo cordão umbilical, é ela que impede que uma mulher esteja quase paralisada para agir de outra maneira?
Cheguei no supermecado na hora de sempre e, no estacionamento completamente vazio do amanhecer, um carro chegou antes de mim e estacionou na MINHA VAGA do supermercado. A mulher está descendo do carro, procuro na lista de xingamentos, um que não seja ofensa de gênero. Óbvio que xingo uns quatro de gênero antes de chegar no cretina. Óbvio também que tudo isso se passa dentro da minha cabeça. É claro para mim, desde o momento que o Joca me perguntou, e que respondi o correto para ele, que é um correto teórico pq a pressão que ele sente para gostar do Pablo (ok gnt, eu gosto) é real. E é mais óbvio ainda que nao interessa que ninguém não tá escutando meus xingamentos internos. Dels tá, o deus atual das coisas certas e das coisas erradas, financiado pelo mercado, quando gera lucro, mas originalmente proposto para acabar um pouco com a exclusão dos excluídos. Dentro de mim existe o fora de mim. Fora de mim existe o dentro de mim. E ficamos no meio disso tudo, tentando separar o que sou eu, entre tantos nós que não sou ou que sou eu.

O Mundo não Liga para a Arte

O Mundo não Liga para a Arte
querido diário,
Hoje eu acordei e pensei muito. Meu colchão novo estabilizou meus sonhos. Nada mais, por enquanto, de sonhar com gntdomal, sem grandes pânicos ou estresses, mesmo em sonhos que tomo um sorvete na beira da praia. O sonho final de uma era, quero crer, foi na segunda. Nele, tinha uma criatura meio bichinho de pelúcia pink e amarela q tinha hora que voava, tinha hora que andava e era muito pentelha. Resolvi agarrá-la pelo pescoço e dar ela de comida pro cachorro que estava na cozinha. Gritei com ela, não só com ela pq a claudia me acordou pq eu tinha berrado. Foi o meu berro inicial em sonhos, nunca tinha berrado, só gemo e falo palavras ao contrário, quando falo dormindo, em ritmo de possessão demoníaca. Achei um avanço. Depois disso, só noites felizes estabilizado pela base de espuma D33.
Hoje acordei e pensei muito. Ou teria sido ontem enquanto levava/trazia filhos de algum lugar? Ou foi hoje mesmo enquanto o Joca me contava todas as variações dos universos dos super herois nas séries, no cinema e nos quadrinhos e em como ele acha que teria sido um filme do batman dirigido pelo stanley kubrick? Sim, eu penso no mundo, escuto o joca e dirijo átila, o uno, ao mesmo tempo.
De qualquer maneira, no meio do caminho tinha uma pedra e era uma pedra minha e eu lembrei dela, de uma história do ano passado sobre um aluno da turma descolada de arte da escola, que escrevia poesias e eu organizei uma mostra de poesias dele, escrevemos poesias no chão da escola e ele ficou super feliz. Muito feliz por ter sido visto e lido e notado. E eu fiquei muito triste com ele, no final do ano, quando passou na faculdade e escreveu um textão imenso no face agradecendo e se lembrando de todos da escola, até do pão de queijo da cantina, não se lembrou de mim e nem do que eu fiz por ele. Na época eu pensei, que mundo triste que vivemos em que nem as pessoas que gostam de você e entendem o seu trabalho lembram dele como importante quando passam no vestibular e vão embora. Andando ontem de carro, ou hoje, sei lá, eu pensei, O mundo não liga para a arte!
E eu cheguei no pão de açúcar para levar o lixo reciclável e o lixo estava todo espalhado pelo chão, todos os sacos abertos, algumas garrafas quebradas. A primeira coisa que eu pensei, catadores de lixo noturnos vieram aqui e fizeram esta bagunça, povo sem educação… não, pééra! Que ironia ridícula privarmos, sim, sim, NÓS, privarmos, os mais pobres de acesso a educação e depois gritar que eles não tem educação. Olha, querido-a, você vive de catar lixo mas por favor, deixe tudo organizadinho e arrumado pq enquanto você cata lixo para viver eu venho aqui no pão de açucar deixar o reciclável e comprar algum belisco casinô que é importado e barato, ao mesmo tempo, pq eu nao cato lixo, mas não to podendo too.
Pensei em tudo isso porque ontem eu vi a pepê e memê apoiando o bolço, para poder pertencer a um sistema que exclui pobres, pretos e gays, três características que se aplicam a elas. Nós, brancos de classe média, nunca saberemos o que é sentir esta exclusão orgânica e molecular todo dia e noite todo tempo ao mesmo tempo agora. Nossos problemas são white, são incômodos sobre ver a paisagem do supermercado devastada por lixo reciclável bagunçado. E depois, eu ainda pensei que provavelmente também tinha uma probabilidade de ter sido um ataque de adolescentes que bebem ice, nos postos de madrugada, porque os vidros ficaram todos lá, as preciosas latas de cerveja, todo o ouro dos catadores continuou lá no chão. Por isso, reformulei minha teoria de ter sido um ataque de catadores de lixo mal educados e sem berço.
O lixo está solto no mundo. Pepê & Memê querem pertencer, a todo custo, ao mundo macho hetero branco, querem ser aceitas. É o mundo dos excluídos. Eu artista penso no papel da arte no mundo e fico triste quando não lembram de mim nos agradecimentos e despedidas.
O mundo não liga para a arte, mas o artista liga para o mundo que não liga para ele.

Coitado dinóis!


Voltei hoje a levar filhos na escola, apesar disso, voltei ontem para a reunião pedagógica. No meio do caminho, na virada da rua perto da rodoviária, vi que o trânsito não fluía e, ao passar pelo local, vi no chão muitas frutas amassadas pelas rodas dos carros, mamão mortos, melancias, bananas. Um acidente chocante. Parado ao lado da pista, um motoqueiro que tinha uma caçamba vazia olhava atônito sua carga caída no chao, sem poder fazer nada, completa impotência perante o fluxo dos automóveis que, sem ao menos ligar, passavam por cima dos cadáveres das frutas e legumes tornando tudo uma pasta de dezenas de tons de cores correlatas. A cara dele era de desânimo. Tive um pouco de dó e desviei nos corpos vegetais o máximo que pude.
Hoje, voltei aa minha rotina. Levar o Joca, passar no savegnago vazio, comprar algumas coisas pro almoço e voltar para casa e esperar o horário do pilates. É neste exato momento do tempo que eu escrevo, agora.
Dormi no colchão novo e acordei sem dores nas costas, tiau mola, welcome back my friends to the spuma that never ends. No supermercado, vou em busca da carne picada para fazer estrogonofe, só que não vou fazer estrogonofe. Tem uma moça toda encapotada tirando umas bandejas de carne da geladeira e colocando outras. pergunto da carne e ela me aponta pro picadinho de filé mignon e diz, Por enquanto só tem essa. Num humor de quem está com frio e além de tudo trabalha dentro do frigorífico. Tento compreender as condições sócio-históricas que a levaram a este mau humor mas nada supera a minha vontade de dar um chute na bunda dela e fazer com que ela caia no meio das carnes. Não, não são instintos feminícidas, se fosse homem teria a mesma vontade de mandar o pé na bunda.
Graças aos céus, sou uma pessoa educada e civilizada com o monstro inside apenas. Vou lá e pergunto pro açogueiro e ele diz q tem e vai picar para mim. pego o saquinho de carne e passo perto da moça e digo, Lá no acougue tinha. E ela solta um ar que se estivéssemos na Finlândia ao relento, sairia fumacinha de frio e raiva. Como eu gosto de pisar no tubinho de oxigênio de pacientes terminais, ainda completo, Você deveria ter me avisado, pelo menos. E saio andando meio em zigzag para dificultar o cálculo da trajetória do arremesso de peças de carne congelada em clientes chatos.
Saio do super e volto para casa. Na esquina da rua sem saída de perto da minha casa tem uma passagem secreta que só os moradores do quarteirão sabem. Passa só um carro de cada vez e é mão dupla. Estou entrando na passagem secreta bem devagar, não pq sou educado, mas porque exige que se entre devagar na passagem secreta. Logo no começo dou de cara com um motoqueiro que vem vindo no pau e no meio da passagem que só passa um carro, eu breco o carro assustado. Ele desvia do carro, ele deve até ter ficado com cãimbra no esfincter final do susto que levou. Eu falo para ele, na boa, Ô cara, vai mais devagar no jeito que você entra aqui. E ele me manda a merda, mandar eu tomar um drink no símbolo do cobre e vai embora.
Eu penso, ah sei lá, ele deve estar estressado, todos estamos estressados, ele deve estar sofrendo as consequencias deste momento sócio-histórico, todos estamos. Ah, ele não consegue direcionar suas emoções e expressá-las da maneira correta e nem na hora certa.
Pensando bem, quer saber de uma coisa? Que ele arregace a fuça no meio do próximo poste da próxima esquina. Que o sangue saia o suficiente para que ele possa escrever com ele e com a ponta do dedo a palavra Desculpe no asfalto ainda frio da manhã. Ah, coitado de mim, devo estar estressado, sofrendo as consequências deste momento sócio-histórico e sem saber expressar minhas emoções também.

Coelhos, humanos, pilates e a polícia federal


Agradeço ao Ruy por ter colocado o nome no meu site meio q de verdade, meio q de passagem pra testar. Tenho tentado levar isso a sério. Existimos, a que será q se destina? Cleidoexisto a que será? Coelhos vivem vidas de coelhos, goiabeiras vivem vidas de goiabeiras, seres humanos vivem (biologicamente) vidas humanas. Coelhos coelham, goiabeiras goiabam, humanos humanam.
E como a vida humana tem a linguagem ela se dobra sobre si mesma e vive a vida humanando e, ao mesmo tempo, tem consciência de viver uma vida.
Esta consciência de si mesmo vivendo uma vida humana é uma coisa tão forte e tao humana que espalhamos para tudo e todos e vemos tudo com um olhar humano. Deus é homem, tubarões tem raiva, serpentes sao a marca da maldade, a natureza é sábia.
E a mim? Além de humano, o que me resta ser a nao ser um cleido que existe no mar infinito de outros. Por isso, penso, logo só posso existir enquanto eu mesmo.
Não é facil, mas nao deixa de ser prazeroso, pensar nisso tudo a caminho e na volta do pilates da Marina, nove e meia da manhã. A aula hoje foi boa pq na passada eu estava quase labirintítico e tudo ameaçava rodar e tudo ficou meio nhé. Mas hoje não, faço o jump, dez minutos e me sinto bem, disposto a ir ao infinito e além, mas também não é assim pqo infinito fica um pouco longe e são só nove da manhã.
Acaba a aula e vou atrás de álcool isopropílico, um T e agua destilada. Primeira parada, mil coisas, acho um T maneiro por 7,90, acho válido. Pergunto do alcool e a moça me diz que tem querosene. Imagino a cena de horror da querosene caindo sobre os lps se dissolvendo em um mar de lama e lava e inferno de dante. Dispenso e vou rumo a kalunga. Lá não tem nada, mas pelo menos tem um vendedor mais sintonizado com o cosmos e me diz que vou achar no shopping da midia. Fico impressionado com a camisa do gerente. É uma camisa de pano e botões e punho e colarinho, destas que se usa pra trabalhar em lojas que precisa trabalhar com camisa e crachá. Ela é branca com listas rosas, ou rosa e branca, sei lá, algo comum. Mas o que impressiona é que as mangas longas são tão justas que contornam os músculos malhados do gerente. Fiquei impressionado com a sensação de que a qualquer momento tudo aquilo iria ser rasgado deixando trasnparecer morrinhos coberto de relva verde. Não achei feio não, só me pareceu demasiadamente apertado. Mas é o preço que se paga para mostrar seus dotes no trabalho. Saio da loja e reparo que a moda em geral está mais apertada, calças, camisas, camisetas, blusas. Afinal, tem tanta gente colocando tudo em formas pq entao usar panos largos que oculta tudo isso? Não tem sentido.
Passo nas americanas disposto a comprar chocolates para o café pós almoço diário e faço isso, compro. Arremato uns quebrados em oferta com amendoim e mesclado e saio rumo ao lar. Em frente a polícia federal tem fila para fazer e retirar passaportes. Uma fila chique, de gente diferenciada, de mulheres que seguram bolsa que a alça curta fica bem no vértice do braço e antebraço posicionados no formato de uma raiz quadrada. Na frente da PF, um comerciante esperto abriu um café gourmet que se chama alguma coisa gourmet. Dai, os whitepeopleproblems podem sentar ali perto mesmo e apreciar um bom machiatto enquanto pensam como resolver aquele doc q faltou ou mesmo descansam seus corpos cansados de fila de passaporte.
Saio e penso que adoro o iguatemi e seu publico de gente dieferenciada e linda e limpa e esticada. Adoro aquele mar de camionetes e suvs desnecessárias na prática mas essenciais naquela dobra da linguagem que eu disse lá no começo do texto que fez o humano existir e ter consciência de que existe. E, com isso, criar o subproduto do existir que são as necessidades desnecessárias.
Minha dobra no viver me diz, Existo, a que será que me destino? E quando eu faço uma segunda dobra e percebo que existo percebendo que existo, percebo que esta pergunta está errada, que já não me cabe mais. E que o certo é, Existo, e existir é o minha partida, meu caminho e o meu destino.

Matte kudasai que nada é prá já



Meu dente dói depois de uma noite de aperto de dois sonhos. Num deles, estava no leroy merlin e o local começou a encher, encher muito, quase impossível de se locomover. Consegui sair de lá mas tinha perdido minhas sandálias, precisem voltar. Achei no meio da muvuca, as ,minhas sandálias da richard’s que eu dei pra loja grátis da Ju Cadeco. Peguei um pé e um carinha que estava junto com a esposa, pegou o outro e disse que era dele. Eu disse que era minha. Então eu perguntei, Se ela é sua, me diga qual é a marca e onde você comprou? Ele respondeu, nao sei a marca mas comprei nos EUA. Eu retruquei, Está vendo? Você nem sabe a marca e esta sandália é brasileira. Ele fez cara de perdi. Eu peguei as sandálias e uma servia mas a outra não entrava no pé, tipo assim uma cinderela só q não. Caiu minha ficha que não era minha. Tem razão, a sandália é sua, pode levar. E ele pegou e eu fui embora muito incomodado por estar descalço.
No outro sonho, estava eu e a claudia na última casa que minha mãe morou, era noite e todo mundo tinha saído, inclusive meus filhos. Eu e a claudia esperando alguém chegar. Era noite, eu tinha medo de estar sozinho com ela na casa. Ela quis perguntar pro vizinho da frente se eles sabia onde todos tinham ido. Eu disse que era perigoso. Não interessa, vou perguntar. Quando abrimos a janelinha da porta da frente, chega um carro com meus filhos, minha mãe e meus irmãos. Minha irmã diz que levou minha mãe ao cabeleireiro. Minha mãe não consegue andar. Está paralizada das pernas para baixo. Todos tiram ela do carro. O cabelo dela está arrumadinho e pintado de marrom tendendo ao bronze e ela tem um bigode, que foi colocado nesta arrumação, igual ao do Belchior. Na verdade, ela é minha mãe só que com a cara do belchior e cabelo mezzo senhorinha mezzo belchior mesmo. É uma coisa meio tosca, meio parecido com o filme los parecidos. Sinto um alívio incomodo. Mas, mesmo usando a placa tectônica, acordo com o peso dos sonhos nos dentes e, até este momento que escrevo, pós novalgina de 500mg ainda dói.
Eu quero ganhar dinheiro com minha arte. Eu não preciso de muito dinheiro, graças adels, ôu minha honey beibe, mas preciso retomar o que perdi para continuar tocando meu tamborzinho. Recebi meu salário do inss, gasto 30 reais num vinil da donna summer i feel love, dois eurythmics e um giorgio e cris no sebo.
Hoje, eu e a claudia acordamos as sete e ficamos conversando sobre a possibilidade de ser tornar vegetariano em protesto ao apoio do temer à bancada ruralista. Somos velhinhos descrentes, niilistas, porém idealistas. Ontem na cultura, alguém daquele público pobre e analfabeto do shopping iguatemi, alguém que não estica pra disney e qualquer feriado de três dias, deixou um copo de refri vazio do burguer king em cima de uma estante a exatamente dois metros de um lixo. Nossa descrença na humanidade, no silêncio dos inocentes de nosso atual país, disparou nessa hora do copo vazio, cheio de ar, deixado por um alguém educado e cheio de sucrilhos e malte em suas células constitucionais.
Por isso conversamos tanto na manhã depois. Por conta disso, o estrogonofe que iria ser de carne, no almoço depois da manhã depois, recebe um apoio ideológico de nós mesmos e se transforma na versão com queijo meia cura. Conversamos muito, quase uma hora e meia, ao amanhecer, sobre o destino do brasil e do mundo e do universo em desencanto. Chegou uma hora que começamos a rir pq percebemos que somos um casal que tem assunto e conversa um com o outro. Nos sentimos meio diferentões, barrocos.
Meu dente dói mas, na hora em que eu comecei a escrever, no meu fone tocou matte kudasai, espera um pouquinho em japonês, e eu fechei os olhos e arrepiei com a guitarra que simula gaivotas voando sobre uma praia, pelo menos na minha cabeça. Com os olhos fechados, eu pensei, Se oriente, rapá! Mas dá um tempinho que nada é prá já.

A História de JJJ e da Dona Claudia do 22

Hoje minha história começa como uma estória, John John era um gato preto e branco de rua com os pelos despenteados que cagava na nossa garagem. Dona Claudia ficava possessa e pegava uma vassoura com a doce ilusão de sair correndo atrás daquela peste marginal de bueiros.
Com o tempo, virou Janjão, o desgraçado cagador de garagens. Janjão também dormia no tapete da porta de casa e engruvinhava tudo ele para o ótio de Dona Claudia.
Depois de algum tempo Janjão sumiu, nunca mais vimos, nem no meio da turma do manda chuva que mora num terreno baldio virando a esquina. Não sabemos se ele foi preso pela polícia, se ele foi morto pela ditadura, por algum desafeto, por disputa por ponto de tráfico de drogas. Se ele se mudou pra Bahia, talvez volte qualquer dia. Nunca mais vimos.
Mas, assim como nas melhores histórias da Disney, como o rei leão, Janjão deixou um herdeiro igualzinho a ele. John John Junior, Janjão Jr ou, atualmente JJJ. E não é que o desgraçado júnior, para desespero da dona Claudia, também passa pela grade e vem dormir no tapete dela? Pelo menos ele nao faz cocô na garagem.
Outro dia, estávamos dormindo e lá pelas duas da manhã escutamos um barulho de alguém dando partida num carro. Eu acordei e vi que dona Claudia estava levantando para ver o que era. Eu disse, Não precisa se preocupar pq nao é o barulho do Átila, o uno. Dona Claudia disse ah tá, deu uma rodada sobre si mesmo, e voltou a dormir.
No outro dia, ela me confessou que estava levantando, não para ver o barulho do carro, mas que ia descer sorrateiramente e abrir a porta da sala e dizer, ARRRRRÁ pra pegar JJJ dormindo em seu tapete. E eu frustei o plano dela. Nós rimos muito.
Agora, JJJ passa o dia deitado na árvore em frente de casa. As noites dorme no tapete. Neste dias de frio, surpreendi dona Claudia fechando as janelas da área comum de fora do apartamento. Ela me disse que era para JJJ não passar muito frio. Outro dia, deixou um pedaço de queijo parmesao na árvore pra ele. Nicolau já levou linguiça. Falamos oi para ele lá na árvore todo dia.
Resumindo, temos um gato selvagem de estimação. Um gato que vive na rua, que trepa em árvores e em gatas, que não está sujeito aos nossos caprichos humanos. Sem hierarquia. Num veganismo estado islâmico radical de não sujeitar outro ser de outra raça ao humanocentrismo filogenético. Um gato vivendo uma vida de gato, gateando junto com humanos vivendo vidas de humanos, humaneando. Um gato não castrado que escolheu a gente como família. Ele na dele e nós na nossa, com possibilidades de vários encontros e desencontros no decorrer do período. Cada um vivendo a sua vida e, na medida do possível, livres. If you love somebody set them free. Free, free. Set them free.

Chopin e Proctologista

17072017


Apesar de minha história começar muito antes, agora são 9h da manhã da segunda e eu já fui ao retorno ao proctologista, sim, sim, muito antibiótico, corticóide e outros rémedios do pós cirúrgico me deu uma coceira no símbolo do cobre conforme já havia noticiado aqui e não era oxiurus, era queda de resistência + fungo no fundo monetário do cobre mesmo e já estou em casa escutando chopin e escrevendo. Tão romântico, chopin+proctologista. Hoje é segunda e, para variar, sonhei com dois dos do mal, mas acordei e resolvi fazer um projeto arte-científico com estes meus sonhos demissionários.
Como disse antes, esta historia que nem sei onde vai dar, começou faz mais de uma semana numa noite em que conheci o poder da opressão. Alguns moleques alunos da minha esposa costumavam passar em frente da minha casa e gritar palavras ofensivas para a professora deles. Não era para ela, óbvio, mas para o símbolo professora na vida deles. Não era para ficarmos incomodados, óbvio. Mas, como nao fizemos curso nem de pedagogia e nem de psicologia, ficamos incomodados de ter pessoas gritando palavras ruins e ter que escutá-las na sua própria casa. Pensamos mil planos no estilo bipbip e coiote para pegá-los no fraga. Muitos deles envolviam coisas que é melhor nem relembrar pq somos humanistas de esquerda e não orna com ser humanista e de esquerda.
Uns dias passados, meio que já na espera, dez da noite e passam e gritam ofensas e continuam em direção ao shopping felizes. Desconfiamos de quem são mas não temos certeza. Se fossemos canalhas de direita, denunciávamos todos pro ibama sem distinçao de certeza de ser ou não. Mas como somos humanistas de esquerda, precisávamos da certeza de identificação para nao cometer nenhum erro.
Eu disse, rápido, vamos, pegue o átila, o uno e nós descemos pela avenida e fazemos o retorno e identificamos eles. Eu fui de pijama, a esposa dirigindo. Contornamos e estacionamos e ficamos vendo eles descerem felizes.
Quando eles estavam pertos, eu desci do carro igual um mano brown beta e parei na frente deles e disse, E aí fião? 6 tava procurando a professora Claudia? 6 fica ligado que agora nóis identificamo vô6. Não tenho certeza, mas acho que fiz com a mão aquele gesto atitude racionais mc enquanto falava. De pijama, barba despenteada e com cara de mano brauwnco. Pode ter ficado bizarro, mas eles ficaram quietos e continuaram a descer a avenida.
Eu me senti pleno de poder opressor, me senti macho beta, quase alfa, me senti cheio de mim, de poder, por uns segundos entendi o bolço e seu poder de venda. Depois retomei o velho artista comunista humanista e mixou o carboreto. Ainda escuto Chopin, agora, enquanto escrevo. É uma caixa com dez vinis tocados pelo Claudio Arrau que eu ganhei da Clotilde. Como estes compositores românticos são românticos, não? Sábado foi dia de ir ao tanabata, todo ano vamos. Entupimos de frituras em pastéis e tempurás, compramos umas bugigangas do nipoparaguai e passeamos um pouco. Vejo uma apresentação de dança em que a mulher se movimenta lentamente, quase desliza. Tambores batem ritmados igual um olodum do sol nascente. Meus olhos vidram na dança lenta e minha boca abre de boniteza. A dança é um disco do joão gilberto, o mesmo arrastar do tempo nas palavras e compassos só que o arrasto é dos movimentos. Eu consigo entender que não gosta do João Gilberto mas não aceito. Eu decido, encantado pela dança, que quero ir pro japão, mas não num cargueiro do Lloyd lavando porão. Quero ir pro Japão passear com a familia. Nada de europa mumificada em velhinhas espanholas esquecidas por anos, mortas. Nada de paris, texas. Quero ir pro japão comprar bugigangas e conhecer a colônia marciana na Terra in loco. Quero me orientar, rapaz. Pela constelação do cruzeiro do sul. Quero descer até o litoral num trem de um livro do Murakami. Quero a delicadeza explícita e o ódio contido dos japoneses em mim. Quero não mais sonhar com o mal banal do meu cotidiano. Quero muito mais, mas este muito mais é pouco porque quero pouco de tudo um pouco mais, só.
Dez horas da noite, os muleques alunos passam de novo pela nossa casa, estão conversando, rindo, mas ninguém grita pelo nome da professora de maneira ofensiva. Eu aprendi a lição. O mal é bom e o bem cruel.

 

Não Confiem nas Minhas Promessas

14072017
Eu não aguento mais sonhar com as pessoas do mal das escolas que fui demitido. Não aguento. Acordo cansado. Do fundo do meu coração refurbished, eu passaria por todo o meu processo cirurgico de novo, incluso a semana no CTI, em troca de esquecer pelo que passei na saída destas escolas. Acabo de acordar de uma noite de sono e sonhos normais, só que não.
Ontem foi dia de passeio trivial com a família. Adoro passeios triviais com a família. Tínhamos a programação detalhadamente traçada e, mesmo assim, o espaço dos pequenos inesperados teve seu lugar. Tinha um lugar para a Claudia fazer pilates junto comigo as oito e meia da manhã. Depois, voltamos para casa e entre lava roupas, liga robôs, escaneia desenhos antigos para o site, arruma camas, fomos começar a difícil arte de acordar filhos de férias as 11 da manhã. Sim, é uma arte cheia de surpresas dentro do previsível. Previsível pq sempre tem um que não acorda fácil e diz que não vai. Previsível pq sempre tem a mãe que dá um escândalo pq não acorda. Surpresa, no caso, pq dessa vez a mãe ficou de boa na lagoa e o pai, no caso, eu, é que deu escândalo e (quase) ameaçou de tudo.
Nossa intensa programação consistia em ir ao novo shopping, almoço especial no mirai. Almoço especial no mirai significa, mesmo que se tire dinheiro da poupança, comer sem contar quantos sushis cada um já comeu. Sim, oferendas para o deus das pequenas coisas exige sacrificios de seus devotos. Por conta disso, comemos hot roll, esqueci o nome daquele que tem uma fatia de limão em cima, teppan de frango, mais barato, não perdemos o hábito mesmo em dia de oferendas, california, skin roll. Pós almoço, picolés do ice by nice, o meu foi de brownie com cobertura de meio amargo e depois passado nas bolachas oreo massacradas. Gourmet e fast food até o talo.
Agora, rumo ao evento principal do dia, segunda via dos rgs dos filhos que estão com carinha de bebês nas fotos. Vamos pro poupatempo. Revejo azamiga/uzamigo de quando trabalhei lá. Revejo a biblioteca que não é mais biblioteca de quando trabalhei lá. Vou falar oi. Da última vez que estive lá, como bem voces se lembram, fui pagar licenciamento, mas esqueci a certidao de casamento e o carro estava no nome da Claudia. Então, enlouquecido que estava, nem vi ninguém. Um amigo do porpa me ajuda muito entender o agendamento que eu tinha feito pela internet, mas não estava entendendo direito como funcionava.
A tocador de senhas na parede chama os três ao mesmo tempo e a mãe fica parecendo uma galinha choca vendo seus três pintinhos indo cada um para uma mesa diferente para ser atendido. O pai também fica, mas disfarça e fica low profile pq é ômi. Tudo feito, ainda temos o sam’s club pela frente. Na saída, encontro uma amiga que brinca querendo ver minha sexycatriz e me diz que acompanha meus textos e que está torcendo para eu começar a ganhar dinheiro com eles. Eu também, só falta este detalhe pro nirvana do deus das pequenas coisas.
No sam’s, as compras de sempre. Fico feliz pq consigo fazer mais uma compra sem escapar da anuidade q está para vencer.
Eu e a claudia temos um debate argumentativo para entender qual dos dois sabões pra lavar louça seria mais interessante comprar. Tem um que é gel, mas é mais caro. Mas diz que não deixa resíduos e temos tido uma luta constante e forte contra os resíduos. Meu sonho da noite é fruto de mais resíduos que o finish tem deixado nos copos, depois do lava-louças.
No facebook, antes de dormir, vejo um ex aluno que hoje está na unicamp, compartilhar o trecho de um post de um professor mão de esquerda, mas língua de direita em que ele fala sobre a deplorável situação política do país. Migo ex-aluno, lamento informar para você que este mesmo professor contra o golpe da dilma e indignado com os rumos da política, também fez seu grande golpe na escola em que você estudou para tirar uma pessoa que estava pondo ordem pedagógica na casa. Calma, calma, não estou falando de mim. Eu não era nada naquela fila do pão lá.
E então eu durmo e acordo de uma noite de sonhos intranquilos. Neste sonhos, sempre encontro com meus amigos demissores e sempre tenho muita coisa para falar para eles. E nunca sei como eles vão reagir, e eles e eu nunca sabemos como eu vou reagir. E no sonho desta noite eu falei tudo que eu queria falar mas a pessoa ficou com um sorrisinho besta no rosto de quem tem isso como única defesa. E não adiantou nada, nem no sonho e nem depois que eu acordei, pq eu acordei e ainda estou cheio de resíduos, pq minha máquina, mesmo revascularizada, ainda não enxagua as coisas direito.